21 março 2007

Feliz PRIMAVERA

"Conta a mitologia grega que uma jovem donzela chamada Perséfone foi raptada por Hades, deus do mundo inferior.
Sua Mãe, Demeter, deusa da terra ficou muitíssimo infeliz com a perda da sua filha fazendo desaparecer tudo na terra e dando lugar ao inverno. (...) Regressando, porém, ano após ano, para sua mãe, esta ficava tão feliz que fazia florescer tudo e assim fazendo a PRIMAVERA."

Aqui entre nós e mitologias à parte, é esta, certamente, a estação do ano mais bonita.

18 março 2007

MULHER. Porque "A" igualdade é feminino.

Por ocasião do dia 8 deste mês questionava-me como poderia fazê-lo tornar-se útil para mim, visto que em nada estava a ser diferente dos restantes 365 dias do ano. Foi nessa iniciativa que descobri algumas marcas da História que, ainda hoje, têm em mim a estupefacção que, aqui entre nós, não poderia deixar de partilhar.

1969: Foi introduzida na legislação nacional o princípio "salário igual para trabalho igual" e a mulher casada pode transpor a fronteira portuguesa sem a licença so marido (licença???)

1976: Abolido o direito do marido de abrir a correspondência da mulher (no pós 25 de Abril existia algum tipo de escravidão que desconheça?)

1978: Revisão do Código Civil e segundo o Direito da Família, a mulher deixa de ter o estatuto de dependência (dependente??? mas marido será alguma droga ou vício???) para ter um estatuto de igualdade com o homem; desaparece a figura do "chefe de família" (progressão na carreira???); o governo doméstico deixa de pertencer por direito próprio (direito???) à mulher; deixa de haver poder marital; a mulher deixa de precisar da autorização do marido para ser comerciante.

Eu que me admito uma mulher independente só posso considerar absurdo uma democracia que se proclama igualitária mas que não podemos esperar que seja moderna se apenas tem 30 anos de democracia igualitária e que mesmo assim deixa muito, mas muito mesmo, a desejar.
Aqui entre nós, impor uma igualdade parlamentar, que não o será, assente em quotas, não me parece a solução mas deixar que as oportunidades caiam em preconceitos também me parece, literalmente, mentalidade do século passado.
nota: a foto encontra-se em olhares.com e não recai em mim nenhum tipo de desvelo por esta foto. Coloquei-a aqui e até me atreveria a dizer que não precisaria de dizer nada pois ela tem uma descrição imensa e uma carga negativa que, de per si, já dizem tudo.

15 março 2007

Exclusão ou Inclusão? LARANJEIRO, no limiar da verdade.

Falemos da minha terra ou, apenas e tão só, do lugar onde vivo desde sempre: o LARANJEIRO. O Laranjeiro é uma localidade do concelho de Almada (claro está), e localiza-se, digamos, em fronteira com duas localidades do concelho do Seixal. Não me vou alongar em toda a história voltada em torno de um mito sobre um suposto proprietário da Quinta de Santo Amaro que daria pela alcunha de Laranjeiro dando lugar ao topónimo. O que direi aqui é que a enfadada Câmara faz a inclusão social excluindo-a. Quando se realoja pessoas carenciadas em habitações sociais criando-se bairros geométricamente pensados e assimétricamente localizadas na mesma localidade, a inclusão não se fará. Contrariamente à minha política de inclusão, o Laranjeiro alberga em si o Bairro da Fundação, do Rato, do Cotelinho e o do Parque das merendas o que faz com que a àrea e a densidade populacional por si geradas não consigam incluir-se na restante já inclusa, dando-se antes lugar ao reverso da medalha. O que se torna patente neste tipo de politização é que o que não se gosta ou não se quer ver, coloca-se na borda e estando o Laranjeiro localizado à margem do seu concelho fronteiriço com a vizinha cidade do Seixal, coloquemos aí o que a cidade almadense não quer ver, os seus carenciados. Não é que queira para outros o que não quero para mim mas, quando o Laranjeiro tinha em si dois bairros sociais, a verdade é que a inclusão se fazia, até, de forma natural. Agora, colocar-se tudo no mesmo saco nem sequer me parece moralmente admissível.

O que sucede? As escolas estão mais vandalizadas, mais degradadas, marginalizadas e isso, claro, tem os seus reflexos no (in)sucesso escolar. É esta a pior das visões da gestão pós 25 de Abril com uma liberalização tendente a sem regra e nem medida e que nos faz viver na pior das políticas comunistas. O que acontece também, é que o Laranjeiro nasce agora num ambiente marginal ao que tinha há vinte anos atrás. O que eu alerto constantemente é que, por detrás de bandeiras autárquicas ofuscadas por um desenvolvimento que se crê existir atrás de um metro de superfície, o que existe hoje no Laranjeiro é um regredir na sua comunidade que cai, infelizmente, nos tristes parâmetros do que reina agora na margem sul do tejo e que me entristezem de cada vez que olho nostálgica ao que eram as minhas coisas, a minha rua, os meus vizinhos e o que são, efectivamente, hoje...
Apenas para terminar, por detrás de tudo isto o que a população precisa é de se fazer ouvir. Note-se, por exemplo que, quando os placard's da JSD Seixal se faziam ver nos rostos dos seus representantes, acabavam vandalizadas em um-dois dias após a sua colocação, o que é certo é que, quando optaram por colocar um placard alertando para as obras inacabadas da Câmara que todos contestam, sem rostos, sem evocar a emoção, sem apelar á militarização, o resultado foi e É, a continuação inalterada do laranja que se faz ler, diria, há mais de um mês.
Conclusão: é esta a política que o cidadão quer, os problemas expostos na dimensão que ganham a cada um de nós e, aqui entre nós, o acabar de promessas ou das frases típicas que quase já sabemos de cor.

04 março 2007

Columbano BordaLLo Pinheiro

Foi aqui, por mim, publicamente agendado uma visita ao Museu Chiado e feita a promessa, cumpra-se! Tive oportunidade de ir visitar a exposição da obra de Columbano Bordalo Pinheiro no Museu do Chiado, como já referi, ou o também designado museu nacional de arte contemporânea, e posso dizer que gostei.
Consegui reparar na evolução que o pintor teve na sua vida e algumas particularidades na história que se vai lendo nos painéis. Columbano não era um pobre pintor que ascendeu ao extase da arte; usou o que hoje chamamos de "cunha"; desafiou, ao pintá-lo, o seu maior crítico (Ramalho Ortigão) e, penso, para mim, que talvez quisesse alcançar o cume da arte holandesa no pintar do retrato, pois é feita a referância a este país e também se me assemelhou. Talvez...
Adorei duas obras em particular, uma mulher num passeio de França e a pintura (enorme) na ilustração dos Lusíadas. Gostei! Aproveitem pois a segunda parte da obra (1900-1929) só terá lugar em 2010.
Aqui entre nós, o que me deu um gozo imenso foi ver a assinatura do artista com dois L's, leia-se, Bordallo, o que, como alguns já sabem é uma piada que costumo fazer com o meu nome: de BriTTo ;)

Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu Chiado Rua Serpa Pinto, 4 - metro Chiado

03 março 2007

Eutanásia. A um passo da morte ou a um passo do céu?

Teria sido importante aproveitar os dinheiros públicos gastos no referendo sobre o aborto para juntar outra premissa tão ou mais importante que é a questão da eutanásia e aferir da sua estatuição. Isto porque, se admito excepções à vida e a vejo como um valor soberano, até mais do que absoluto, óbviamente, terei a mesma opinião na confrontação com a morte.
As excepções à vida que eu defendo são somente aquelas que poderão fazer com que esta perca o sentido existencial que possui, e daí o detrimento do valor vida. A mesma coisa na fase adulta da vida. Aqui terei de defender um SIM à eutanásia. E porquê?
Em relação ao aborto acho que é um acto de egoísmo querer acabar com uma vida, ou o que seja, somente porque a mãe acha por bem não o ter, por não ser o melhor momento, porque não tem assim tanto dinheiro, porque foi um erro, porque sei lá mais o quê. Acaba-se o princípio de defesa da vida, de esperança no futuro, nas instituições (com maior ou menor credo que ainda se tivesse), na solidariedade e sentido humanitário que um pequeno ser pode gerar. Sendo eu uma moderada do NÃO ao aborto, terei de ser, inevitavelmente, uma moderada do SIM á eutanásia. Não acredito no tal sentido existencial que uma vida em modo "vegetal" possa proporcionar a uma pessoa, e somente a estes casos. Quando uma pessoa, consciente, está numa cama anos e anos seguidos sem se mover, vendo o mesmo tecto dia após dia será que esta mesma ainda, talvez por inerência "pessoa", não poderá optar por cessar com o SOFRIMENTO, assim como agora se deu a optar sobre a vida de um ser que não pode ter defesa possível?

O Ser Humano é egoísta ao ponto de querer manipular a sua vida mesmo que isso interfira com outra por si gerada, mas não tem CORAGEM, no mesmo passo, para legislar sobre um tema que preferem ignorar na esperança que só aconteça aos outros.
Aqui entre nós, se a minha vida tiver de acabar, e aqui mudarei o tempo verbal para não chocar tanto e assim: se a minha vida tivesse de acabar como um vegetal, pressa a uma cama, por anos e anos a fio, então... preferia dar um passo à morte para chegar mais cedo ao céu... É um tema que voltarei a focar.

"As sociedades são o que são suas famílias" Aristóteles