26 setembro 2006

Sem Papa's na língua

Após as polémicas citações do Papa sobre o Islão e a Jihad na Alemanha, continuamos a ter proferidas opiniões contraditórias, um pouco em toda a parte.
A minha perspectiva da referida polémica é que essas opiniões são fruto disso mesmo, da posição contraditória que este Papa assumiu no Vaticano. Enquanto João Paulo II estabelecia ele próprio as tentativas de apaziguamento entre religiões e povos de culturas diferentes tendo mesmo, na minha visão dos factos, conseguido, vem o seu sucessor e deita por terra anos de "diplomacia".
Eu até concordo com Durão Barroso quando este diz que se deve defender a liberdade de expressão, discordo com o Padre António Rêgo que afirma que se deve ter em consideração que o Papa discursava numa Universidade, para académicos e por isso, para pessoas instruídas. Não! O Papa fala para o Mundo, tendo ele a representatividade que tem e sendo ele o "Pontíficie" da religião Católica, é óbvio que as suas palavras têm repercussões em todo o Mundo e são ouvidas em todo o Mundo, até, pelos seus "não seguidores".
Será Medieval sim a sua ingenuidade ao afirmar que tais citações não seriam uma ofensa e sim um apelo. Ingenuidade essa que, aqui entre nós, não existia.
Sendo Bento XVI uma pessoa inteligente, que é, sabia bem por que "areias movediças" estava a passar, sabia o que queria atingir, e... atingiu! Não nos podemos esquecer que numa era em que o Ocidente progrediu, o Oriente ficou centrado nas suas opções religiosas e hoje são fundamentalistas. Não nos podemos esquecer que como o povo diz: "não é com vinagre que se caçam moscas" e que, se vem o catolicismo falar do Islamismo, isso não pode ser visto como benéfico junto de, repito, fundamentalistas. Já seria ingenuidade a mais...
Pareceu-me que um discurso intelectual sobre este tema de religião e violência em datas de aniversários de atentados terroristas a "bem" do Islamismo ou a "bem" do que for, não é, para mim, um discurso inteligente. Para um povo que ainda pensa que morrer porque sim é fixe, e perdoem-me a expressão, estarmos nós, os "instruídos" com discursos teológicos, académicos ou simplesmente medievais a querer pregar aos "peixes", o que acontece é que vão fazer eles uso da ignorância e usar do que estavamos nós, no final das contas a tentar pacificar.
Aqui entre nós, a opção de João Paulo II era, de facto, a melhor e para provar isso teremos mesmo de esperar o funeral de Bento XVI e logo veremos que contributo teve ele junto dos outros povos e no final, teremos o caminho...