Sócrates o cobarde, Mendes o passivo e 4 milhões € gastos num referendo?
Ponderei esta postagem pois em política tudo se pensa mas nem tudo se diz. No entanto, cansei-me de todo este circo montado em altura carnavalesca onde não faltam máscaras.
Um referendo a votos apoiado no mote da democracia acabou, no fim, por ficcioná-la. Num primeiro ministro cobarde, nada mais fácil do que legislar sobre matérias delicadas, empurrando a sua responsabilidade, enquanto governante, para o povo, os (des)governados. Quando não se tem vontade política e/ou "tomates", e perdoem-me a expressão, para assumir uma atitude legislativa e, quando um político precisa de ter coragem decisória... tomem lá um referendo! E a "batata quente", essa, fica do vosso (leia-se nosso) lado.
Se a princípio pensava que a nossa oposição era ponderada nas medidas e posições que tomava, e seria até a mais prudente, a esta altura já se torna insuportável a passividade de Marques Mendes que ficou de espectante numa plateia às demonstrações pitorescas de Pinto de Sousa. Precisamos de atitude, garra e, porque não, coragem também. Se apenas o que temos enquanto maior partido da oposição é um tempo de antena, concedido em algum jantar conferência onde se diz o mesmo de sempre, por mais verdade que seja, então, não chegaremos a 2009 e continuaremos com a corda ao pescoço, sem serviço de saúde, sem escolas, enfim, sem nenhum garante do Estado Social e sem governabilidade possível... Basta de estar à sombra! Mais de um ano lá vai e o que é certo é que, o dito Sócrates não perde credibilidade, e quem perde é somente o Governo. E porquê? Exactamente porque este tal Pinto de Sousa faz crer o que não é: convicto! Aliás, uma coisa que há muito o PSD não parece ter, nem mesmo em tomadas de posição, o que para este referendo, diga-se, foi o mais acertado. Mas somente aqui.
De resto, se era para isto podiam ter dito e nem votar tinha ido. Sinto-me defraudada o que, para alguns, poderá ser sinónimo de mau perder. Ora então que seja.
Que legitimidade tem José Sócrates para alterar uma Lei que ganhou,não no sim, mas na abstenção? O que vi é que Sócrates apenas precisava de um álibi e neste refrendo, conseguiu-o. A maioria dos VOTANTES opta pelo Sim e agora Hipócrates apenas respeitará a vontante do povo... HUM, será? A maioria dos votantes confere legitimidade democrática? Apesar de ser um direccionador, não é legitimo nem certo e acabaremos por ficar sempre na ignorância. O que o eleitorado disse foi que este tema não era, para si, essencial, não era prioritário (ao contrário do que o PCP tanto reclama) e que estava, no mínimo, confuso. E sobre a confusão, já temos vontade política pois a responsabilidade é agora do povo, ou dos que foram votar, entenda-se. Perda foi, não a do NÃO, perdoem-me a redondância, e sim de dinheiro do Estado, leia-se, dos contribuintes.
A conclusão é clara: para além de ter sido uma perda de tempo, dinheiro, papel e consumíveis. Começo a perceber que o, também por mim denominado, Hipócrates, deu um golpe de mestre. Proclama o que o povo mais gosta de ouvir, a democracia, proclama a despenalização por haver horrores a passarem-se na clandestinidade (talvez), e já cá canta o investimento espanhol que tanto deixa feliz o PM. Então há dois dias atrás era uma questão de principio e agora já é um factor económico? onde andará o valor da vida humana senhores!???
Mais, quando os do "SIM" tanto apregoam a vitória, eu triste me confesso, não por o meu "NÃO" perder à boca das urnas, claramente, é verdade, mas sim porque com uma abstenção de 56% e 41% de votos no NÃO, não sei onde fica o critério de José Sócrates. Então para quê o referendo??? Quando em tantas matérias vitais para nós, nada nos perguntam, nada nos referendam e apenas impoêm arrogantemente, aliás, como é hábito socialista, não seria bem melhor poupar os dinheiros públicos e legislar numa assembleia com maioria e legitimidade representativa para tal???
Aqui entre nós, os SIM's sociais-democratas têm uma tarefa àrdua pela frente e de responsabilidade também, pois, sem querer, tenho por certo, acabaram por dar o descanso ao PM e tiraram-lhe de cima a responsabilidade política que este teria se enfrentasse a situação apenas a nível parlamentar. Terão a meu ver uma responsabilidade política também pois, desta clivagem entre os seus valores e convicções enquanto pessoas de formação cívica e militantes do partido da oposição, deram, a meu ver, um gostinho à rosa que volta a congratular-nos com os seus espinhos e colocaram-na a cantar de felicidade. Mais, deixar uma lei que tanta ponderação precisa nas mãos socialistas e com a passividade que o líder do PSD tem demonstrado, deixa, no mínimo, inquietos os que acreditam que a solução "abortar" deverá ser um meio quase impossível de se ter enquanto forma de garante da vivência humana e que acreditam sobretudo no que temos de melhor, a vida!
O que não se queria e se deu, foi mais uma vitória clara do PS e um puxar da cortina para tantos temas enublados por esta tremenda campanha fraudulenta socialista que, tal como os voos da CIA, ninguém viu, nem ninguém vê...
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