14 outubro 2006

Um pesadelo cor-de-rosa


O Estado português há muito que não respira saúde. Em outros governos os problemas também se faziam sentir mas para quem se referia a Manuela Ferreira Leite como a dama de ferro, enquanto ministra das finanças, eis, que para mal de todos nós, surge o Governo de latão. Um Governo assente em publicidade (enganosa), assente na arrogância, num espírito de liderança autocrático e imperativo.
Há muito também de este pesadelo cor-de-rosa nos alegra a vista com as suas, supostas boas reformas, e nos faz perder, cada vez com mais intensidade, o que tão bem nos caracteriza(va) enquanto sociedade: o Estado Previdência.
Curiosamente é o partido que se diz socialista que perdeu todo o seu, a haver, sentido social, encarando o eu, o tu, o nós, como meros sujeitos indeterminados e exaltando sempre bens superiores a sacrificarem outros tantos inferiores como se vivessemos num eterno estado de necessidade.
Enganam-se, a meu ver, os que pensam que ainda temos direitos adquiridos e que existe um limite de actuação nas demandas do governo de Sócrates que só errou na História por não se chamar Hipócrates.
Não admito, pelas medidas que vêm sendo tomadas e que, agora eu, activa contribuinte e trabalhadora estudante neste Portugal, posso dizer, serem insuportáveis de levar a bom porto. A esquerda é a alternativa? Alternativa a quê? Entre pagar mais em contribuições e ter direito a menos saúde, escola, justiça, segurança, previdência... enfim!
As equações, essas, fazem-se com x e y que, espantem-se ou não, são o coficiente do que eu digo ser a Mulher (x) e o Homem (y), no fundo, a Pessoa Humana.
Parece-me também de salientar que este Governo criou o que eu chamaria de "o meu rico Estado", ou seja, um Estado de ricos e dirigido somente para ricos. O choque tecnológico vai nesse sentido. Pobre que é pobre tem de se resumir à sua insignificância e deixar de ter ideias de investimento que isso, claro, só será para os ricos. Isto porque não se criam meios alternativos para pequenas empresas, para pequenos investidores, neste pequeno mercado onde se aventuram a ter um lugar ao sol... esqueçam!
Se quiser conhecer a lei, cuja premissa e estatuição diz que a sua ignorância a ninguém aproveita, é bom ter um pc, pois, o tal diário, dito, da nossa República, deixou de estar nas bancas... conhecer a lei??? Espero que tenha um bom software...
O novo slogan promocional desta Governança deverá brevemente passar a ser: se é pobre e procura emprego compre um pc, aliás, devemos a curto prazo passar de subsídio de desemprego para subsídio de compra de computador. A ideia não seria má não fossem as realidades concretas de quem passa mesmo mal, e digo isto porque neste Governo diz-se que é pela Internet que há maiores vantagens e maiores oportunidades. Assim o diz, com aquele sorriso de lábios colados, caracterizador do nome que o devia chamar, Hipócrates, o nosso magnânimo Primeiro-Ministro. É desta forma, que este exalta que, as maiores oportunidades estão à disposição não dos que mais precisam e sim ao serviço dos que podem, pelo menos, alguma coisa... curioso, não é?
E alegrem-se os pessimistas pois afinal alguma razão têm. O BCE avisa que taxas de inflação vão aumentar, os salários da função pública estão em queda e a Comissão está preocupada com a falta de investimento e dinâmica da nossa economia que, só segundo o nossa ministro Manuel Pinho, é que vai bem... palmadinhas nas costas Sr. Ministro??? E de mercados não se espantem, Governo não usa "Golden Share" à OPA da SonaeCom à PT e qualquer dia temos o monopólio das telecomunicações móveis, que terá repercussões na carteira do consumidor mas... quem pode pode! E afinal os milhões gastos pelo Governo em telecomunicações, e isto depois de tanto criticarem os gastos do anterior Governo Social-Democrata, invejosos, passaram da promessa de cortar nos gastos públicos generalizados, para pouparem apenas sectorialmente nos mais pequenos, cortando reformas, direitos, pondo a "malta" a trabalhar mais tempo e congelando ordenados que o dinheiro não chega para todos mas falar, isso, é sempre um bem precioso.
E muito educadamente a nossa ministra da Educação fecha escolas do ensino básico, repete provas, baralha professores e continuamos a ter uma média de 39% dos alunos que abandona a escola no 9ºano... escolaridade obrigatória até ao 12º ano não é? Incentivo à educação? Bem, um choque no inglês e nas tecnologias de informação não será dificil... mas só se for em escolas dos grandes centros urbanos porque na santa terrinha... esqueçam!
E já agora, para quê ter filhos? Escolas a fechar, maternidades e agora, grande acontecimento, urgências. De génio esta!? No final das contas incentivos à fixação populacional no interior não era, assim??? Hummm... parece-me impossível!
E falando em população, eis a Lei das Finanças Locais. bem, os Autarcas não credibilizam os postos que têm, é verdade, mas personalizações de "receitas", tira-se aqui e coloca-se ali também não me parece ser uma boa reforma, ou, pelo menos, idónea. A alteração da Lei de Finanças Locais e o investimento do Orçamento do Estado nas Autarquias e Regiões Autónomas parece-me, de facto, urgente mas realizada de forma uniformizada, IMPARCIALMENTE, e sem direccionamentos dúbios pois agora o tiro, esse, saiu ao lado mas bem certeiro no alvo do Governo.
A perda do sentimento social no Estado gera em mim uma espécie de "pele de galinha" e numa altura de descrédito no sentimento Humano em que se devia apostar sériamente na Solidariedade cria-se um Estado de Metal, uma espécie de Robot de aniquilação. Aqui entre nós, como já disse Luther King, "I have a dream" e garanto-vos... ele não é cor-de-rosa!