26 abril 2007

25 de Abril. Dar uma no cravo, outra na ferradura...

"Ritual que já diz pouco" aos cidadãos. Assim disse o nosso Presidente da República, Cavaco Silva, no seu discurso, também este um ritual, perante uma Assembleia enfeitada de cravos à lapela, por altura do festivo 25 de Abril. Dia da revolução ou dia da liberdade, o que quiserem.
Para mim esta frase espelha um pouco o meu sentimento perante uma comemoração que não me toca particularmente. MAS CALMA!!! Também não sou investida por nenhum, tão na moda (diria), sentimento faccioso.
Não. Não me toca somente por pensar que as expressões da gíria portuguesa são o que de mais sincero podemos ter: "dar uma no cravo, outra na ferradura".
Foram os que "deram no cravo" que também não souberam gerir o pós revolução. Se um regime cai que suba ao poder a democracia, mas no real sentido da palavra. São os que mais proclamam a liberdade que mais a condicionam perante os seus propósitos. São os que mais justos se chamam que mais discriminação praticam na vida dos seus co-cidadãos. Uma fraude, proclamo.
Pois bem, lembrem os comunistas, tão exaltivos do dia que gostam que lhes pertença, que não se faz um país num dia. Lembrem então que existirá um 26 de Abril, dum 27, 28, 29... pois estes só sabem gritar "25 de Abril sempre!", mas não sabem tirar a pala e ver um calendário completo aos 365... Então e o resto do ano que estes (se assim o querem) deitaram por terra? Anos e anos a (re)construir uma economia para deitá-la, por fim, ao sabor da democracia, ou melhor, da liberdade??? O fim das colónias para trazer de volta, não co-patriotas, mas sim REtornados??? Que liberdade foi esta, que liberdade É esta que cada vez restringe mais a vida dos portugueses???
Por isso também eu digo, e que tal repensar a democracia? É que nem somos capazes de aceitar a história e de aceitar um museu sobre o Estado Novo. Há quem pense, até, que o dito se transformará numa espécie, não de magazine, mas de santuário. Absortos, talvez!?
Um simples"até sempre camaradas" na perspectiva de futuro fez com que se esquecessem de pensar o presente.
Aqui entre nós, numa sociedade que se diz democrata mas em que poucos são os que sabem o que isso significa, uma lição de "povo", para além de um feriado e de uns copos que se beba (vai-se lá saber porquê), é muito mais democrático do que o colocar de uma flor que nem a sabemos cheirar... E por isso e por muito mais (muito mesmo), camaradas? NUNCA!